Sem dúvidas Madonna é um dos nomes mais populares e
comentados da atualidade, mesmo tendo iniciado sua carreira há muito tempo, ela
ainda consegue ser o centro das atenções quando lança um álbum, sendo ele uma
obra magnífica (como “Confessions On a Dancefloor”, de 2005) ou um trabalho bem
abaixo do esperado (como o fraco “MDNA”, de 2012). Seu último lançamento foi o
já citado “MDNA”, no nem tão longínquo ano de 2012. O antecessor dele era o
também fraco “Hard Candy”, então Madonna tinha um trabalho difícil pela frente:
Superar os dois trabalhos anteriores (A parte fácil) e fazer algo tão bom
quanto o “Confessions...” (A parte difícil). Para isso, tratou e pesquisar o
que estava fazendo sucesso e recrutou nomes de peso para o disco, como Diplo. Ela veio
armada até os dentes com este novo álbum para nos conquistar. Será que ela
conseguiu?
Living For
Love – O álbum é apresentado pelo carro-chefe da nova era da cantora, a
libertadora “Living For Love”. A faixa é um delicioso electro-pop levado pro
house dos anos 90, algo parecido com o trabalho de Kiesza atualmente
(Inclusive, a versão demo dessa faixa é bem similar ao smash hit da canadense),
com uma letra sobre dar a volta por cima e se libertar de um relacionamento
ruim cantada por Madonna com uma voz anasalada. No início, não me parecia uma
boa ideia lançá-la como primeiro single, mas minha impressão mudou em pouco
tempo. “Living For Love” é poderosa, e muito. Nota: 9.0/10
Devil Pray
– Com os vocais mais limpos, um instrumental mais minimalista e uma letra
rebelde com referências religiosas, “Devil Pray” cheira à Madonna de longe,
remetendo aos tempos de “Like A Prayer” ou “Ray of Light”, só que um pouco
modernizada, com as batidas eletrônicas de Avicii. Um dos destaques do álbum. Nota: 8.5/10
Ghosttown
– A primeira balada do álbum é a grandiosa “Ghosttown”. Aqui a voz da cantora
soa poderosa e super natural, em versos suaves que explodem em um refrão
poderoso. A letra é simples, uma típica canção de amor, mas é sincera e muito
bonita. A faixa é o segundo single do material, ainda que eu não saiba se
gostei ou não da ideia. De qualquer forma, “Ghosttown” é uma grande canção. Nota: 7.0/10
Unapologetic
Bitch – Um tipo de faixa que nunca combinaria com Madonna, mas deu muito
certo. O single abre-alas do “Rebel Heart” foi produzido por Diplo, mas aqui a
marca dele fica mais que evidente. “Unapologetic Bitch” é uma mistura de
dancehall e reggae-pop com uma vibe pra lá de gostosa. A letra segue o estilo
de “Living For Love”, mostrando superação, mas aqui a cantora vai além e joga
na cara do ex que ela deu a volta por cima. O grito dessa música para ser
single tá bem alto, espero que Madonna o ouça. Nota: 8.5/10
Illuminati
– Outra canção cheia de potencial, “Illuminati” vem com um instrumental pesado
produzido por Kanye West. Aqui, a cantora debocha daqueles que associam o
movimento illuminati a qualquer artista bem sucedido, citando o nome de várias
celebridades com uma voz robótica um pouco medonha. Na verdade, a faixa é um
“amiga, pare” para os que acusam qualquer artista de participar do movimento só
porque viu um triângulo ou um olho no clipe dele. Esta é uma das faixas mais
poderosas do álbum. Nota: 8.0/10
Bitch I'm
Madonna – E por falar em poder, olha quem é a sexta canção da tracklist!
“Bitch, I’m Madonna”, que a cantora já revelou ser sua favorita, foi uma das
canções mais comentadas antes do lançamento, quando o deus Diplo (Produtor da
faixa) anunciou que ele e a rainha do pop haviam gravado uma música com esse
nome. Basicamente, a faixa, cuja letra não é lá essas coisas, se resume à
Madonna mostrando que ela é Madonna, a rainha da porra toda. Como se a produção
trap de ralar ppk no chão do Diplo não bastasse, a dona de “Hung Up” ainda traz
Nicki Minaj para dar uma força com seus versos poderosos. Nota: 9.0/10
Hold Tight –
Falando sobre amor mais uma vez, Madonna traz uma bela letra e um refrão bem
fácil de decorar. No início parece que você está ouvindo “Burn” da Ellie
Goulding, porque na verdade “Hold Tight” não é uma canção marcante. No entanto,
ainda que soe como apenas como uma filler
– E realmente não faria falta fora do álbum –, ela é uma canção muito agradável
de se escutar e bem melhor que várias outras do disco. Nota: 7.0/10
Joan of Arc
– O instrumental denuncia que “Joan of Arc” poderia fazer parte de qualquer
álbum pop da Taylor Swift, mas a letra passa longe da popice adolescente da
dona de “Blank Space”. A letra desta canção é uma das melhores do álbum. Com
uma grande sinceridade, Madonna desabafa, revelando a pressão que sente para
ser uma pessoa realmente importante (Daí a citação à Joana D’Arc), quando ela
só quer ser uma pessoa comum. Nota:
7.0/10
Iconic
– Soando como uma mistura de “Bitch I’m Madonna” e “Living For Love” em questão
de sonoridade, agora Madonna vem com uma canção sobre autoestima. A música abre
com um discurso egocêntrico de Mike Tyson (!) falando que é o melhor que já
existiu, o qual se encaixaria mais em “Bitch I’m Madonna” do que aqui, mas eu
não recomendaria colocar em nenhuma das duas. O instrumental soa como uma
versão menos inspirada de uma faixa do Diplo e a melhor parte da música são os
versos antes do refrão. No geral, “Iconic” não é icônica e é bem genérica, mas
ainda assim possui seu brilho. Nota:
6.5/10
HeartBreakCity
– Chegamos em mais um ápice do disco, “HeartBreakCity” é uma canção genial,
desde sua maravilhosa letra – Arrisco a dizer que seja a melhor do disco – ao
instrumental com tambores que lembram marchas militares e um piano melancólico,
além de um coral no refrão. É uma faixa grandiosa, com um clima obscuro e
apoteótico, uma obra-prima do álbum. Nota:
9.0/10
Body Shop
– Uma das faixas mais diferentes e gostosas do álbum. Muitos a consideram como
uma faixa qualquer que serve para encher linguiça no álbum, mas eu vejo o
brilho e o potencial de “Body Shop”, uma canção belíssima. A voz de Madonna
aqui está novamente limpa e delicada, que, somada ao curioso instrumental meio folk-pop,
com direito até a palminhas. No fim, esta acaba sendo uma das belas surpresas
do álbum, mesmo que poucos enxerguem isso. Nota:
9.0/10
Holy Water
– Ela voltou a citar religião, agora com a ajuda de Natalia Kills, que escreveu
a letra. Diferentemente de “Devil Pray”, aqui a religião não é o tema
principal, mas sim o sexo. Aqui temos uma das letras mais safadas do disco, com
Madonna falando pro amante que sua pussy
tem gosto de água benta e o convencendo a experimentar. Tem referências à
icônica “Vogue” e uns “Bitch get off my pole” cantados durante os versos, mas
fora isso, a canção não funciona. “Holy Water” é monótona e polêmica de um
jeito que soa forçado, com direito até a um “Jesus loves my pussy”. Não desceu,
desculpa. Nota: 4.5/10
Inside Out
– “Inside Out” é mais poderosa balada do álbum, só que um pouco mais eletrônica
que as outras. Tem um refrão maravilhoso e uma batida gostosa, além de
belíssimos violinos em evidência no final. No quadro de baladas do disco, está
abaixo de HeartBreakCity, mas bem acima de Ghosttown. Nota: 8.0/10
Wash All
Over Me – Fechando a versão comum do álbum, temos mais uma balada. Se há
uma coisa em “Rebel Heart” na qual ninguém pode botar defeito são suas baladas.
Ainda que “Wash All Over Me” seja a mais fraca entre elas, é incrivelmente
arrematadora e muito melhor que sua versão demo, ao contrário do que rola a
internet. Nota: 7.5/10
Best Night
– Tem cara de Diplo, mas não é. “Best Night” fala sobre sexo, mas de uma forma
mais sutil e elegante que “Holy Water”. O instrumental é um destaque, trazendo
uma batida urban pesada com um toque árabe e até uns violinos que ficam em
evidência nos últimos 10 segundos da canção. Não que a faixa seja ruim, porque
não é, mas, na minha opinião, os últimos 30 segundos são a melhor parte da
canção. Nota: 7.5/10
Veni Vidi
Vici – Agora sim Diplo está de volta em sua última produção no álbum. “Veni
Vidi Vici” é uma faixa surpreendente, onde Madonna arrisca versos de rap, e ela
manda bem! O instrumental carrega um trap dançante com um violão no refrão. A
letra fala sobre ela ter conquistado tudo o que tem com suor e a parceria de
Nas é bem-vinda. Nota: 7.5/10
S.E.X.
– Agora o clima esquentou! “S.E.X.” é a canção mais explícita de todo o álbum e
a mais safada da cantora em muito tempo. Aqui ela fala sobre suas intenções
sexuais com alguém, que vão de brincadeiras com algemas à uma coisa chamada golden shower (Pesquise e verás o que
é). O instrumental hip-hop é bem dançante e sexy, mas a faixa com certeza não é
um dos destaques do disco. Nota: 6.0/10
Messiah
– Madonna volta a falar sobre religião em “Messiah”, outra balada do álbum, que
não tem a mesma força de “Inside Out” ou “HeartBreakCity”, mas tem seu charme,
como a letra impecável e os violinos dramáticos. Nota: 5.5/10
Rebel Heart
– A faixa-título aparece entre as últimas, fora da edição normal do disco, o
que é uma pena, já que ela tem potencial para ser uma grande canção, seja por
seu arranjo pop ou a letra pessoal e maravilhosa, autobiográfica na verdade, em
que ela fala sobre sua infância e a dificuldade de se encaixar nos padrões. Nota: 7.0/10
Beautiful
Scars – “Beautiful Scars” parece perdida aqui, pois deveria estar no
“Confessions On A Dancefloor”, como já denuncia o clima disco da canção, que
mais parece uma produção do Daft Punk. É o tipo de música que tocaria em uma
discoteca dos anos 80/90, e isso não é uma coisa ruim. Nota: 6.5/10
Borrowed
Time – A pior faixa do álbum, tudo aqui é ruim, seja o instrumental sem
atrativos ou a letra piegas sobre paz e amor. Nada funciona em “Borrowed Time”.
Nota: 2.0/10
Addicted
– É evidente que a versão deluxe/super deluxe/sei lá do álbum guarda muitas
surpresas, “Addicted” é uma delas. A faixa tem um arranjo energético com
guitarras e uma batida aviciinesca
bem dançante. A letra não tem muito o que se elogiar, sendo bem básica, mas o
conjunto inteiro funciona bem. Nota:
7.5/10
Graffiti
Heart – A ideia de inserir o drum and bass foi ótima, mas poderia ter
caprichado mais na letra, né non? Enfim, “Graffiti Heart” não está nem perto de
ser uma elite do álbum, mas cumpre seu papel de filler. Nota: 5.0/10
Auto-Tune
Baby – Isso é sério mesmo produção? Sim, é sério. “Auto-Tune Baby” é a
canção mais estranha do álbum, iniciando-se com um choro de bebê que vai se
transformando até se tornar o instrumental da música. A faixa é debochada, e eu
até gostei da brincadeira, mas é irritante mesmo. Nota: 3.5/10
Resumo
Geral: “Rebel Heart” não tem um estilo definido. Pegando como exemplo os
trabalhos recentes de Madonna, vemos que “MDNA” tinha uma essência de dance e
euro-pop, “Hard Candy” chegou com uma proposta um pouco mais pop-urban,
enquanto que “Confessions On A Dancefloor” era um álbum influenciado pela disco
music e o house dos anos 90. O novo álbum parece ser uma mistura dos três e até
de outros álbuns antigos da cantora. No entanto, consegue ser superior aos dois
últimos trabalhos, sendo, dos três, o que chega mais perto do álbum de 2005,
que para mim foi o ápice da carreira da rainha do pop. O flop do álbum foi uma
surpresa, já que ele está cheio de hits em potencial, mas desde já esperamos
que isso mude (Lançar “Bitch I’m Madonna” como single deve ajudar). No que
importa é que, com “Rebel Heart”, Madonna tem um belo álbum nas mãos.
Eu gostei da crítica, mas no caso de certas canções como "Holy Water", "Wash All Over Me" e "Graffiti Heart", elas só deixam de ser monótonas quando se tem a letra na ponta da língua, que apesar de interessante, não é algo muito "legal" para alguém que não é admirador/fã e vai ouvir o álbum, mas ele merece um lugar especial nos melhores de 2015.
ResponderExcluir