Se há uma pessoa que extremamente alucinada por
filmes de terror indie, desses que dificilmente passarão nos cinemas
brasileiros e que fazem um considerável sucesso entre os críticos, essa pessoa
se chama Eduardo Mauricio. Estou sempre à procura de bons filmes assustadores
sem os clichês e exageros hollywoodianos e com uma história interessante, por
isso quase deixei passar em branco o americano “It Follows”, conhecido no
Brasil como “Corrente do Mal”, o que seria um dos maiores erros da minha vida
de cinéfilo.
A história do filme não parece nada atraente e, a
julgar pela sinopse, o filme de David Robert Mitchell parece ser mais um dos
filmes toscos que invadem os cinemas todos os anos, mas não é bem assim. O
filme conta a história de Jay (Maika Monroe), uma garota de 19 anos que, após
sair e ter sua provável primeira vez com seu namorado Hugh (Jake Weary), começa
a ser perseguida por uma entidade maligna, que pode assumir a forma de qualquer
pessoa. Por intermédio do próprio Hugh, ela descobre que só poderá se salvar da
entidade se fizer sexo com outra pessoa, que foi justamente o que ele fez com
ela.
O início já nos deixa intrigado. Uma garota
desesperada parece estar fugindo de algo que o filme nunca mostra. Ela dirige
até uma praia e, extremamente assustada e chorando, ela começa falar com seu
pai por telefone. A cena termina abruptamente e a câmera a mostra brutalmente
assassinada no dia seguinte, tudo com uma trilha sonora tímida e macabra.
Depois dessa cena inicial, somos apresentados a
detalhes técnicos primorosos com um clima oitentista fortemente impresso em
vários aspectos, como as localidades da cidade e as roupas dos personagens.
Além disso, o filme abusa de zooms, planos abertos e lentos jogos de câmera,
revelando aos poucos o espaço em que os personagens se encontram, o que ajuda
no clima sufocante e angustiante que o filme passa e mostra que a direção
David Robert Mitchell é extremamente competente. Para fechar o pacote da
excelente parte técnica de “It Follows”, temos a psicodélica trilha sonora, com
muitos sons metálicos e perturbadores, nos remetendo ao mestre das trilhas
sonoras macabras, John Carpenter.
O elenco é competente, com atuações bastante
realistas, mas o destaque vai para Maika Monroe, que interpreta a protagonista,
com uma performance brilhante. Ao contrário da maioria do elenco, os
personagens são um ponto forte. Eles são inteligentes e destemidos e, acima de
tudo, realistas, apesar de facilmente influenciáveis.
Dentre todos os pontos do filme, um dos que mais
se destacam é a entidade sobrenatural. Não temos um espírito cabeludo ou um
fantasma que quebra pratos e bate portas nos assustando, mas sim uma criatura
que pode assumir a forma de qualquer e que vem andando lentamente atrás da
vítima. Isso mesmo, ela não corre nem aparece em vários lugares rapidamente,
apenas anda em direção à em silêncio, se tornando muito mais macabra e
assustadora do que qualquer assombração clichê da maioria dos filmes de terror.
Não é só pela crítica (7,2 no Imdb e 96% de aprovação
no Rotten Tomatoes!), mas o filme está sendo comentado como o melhor terror do
ano e um dos melhores dos últimos tempos e eu não discordo em nenhum momento
desta afirmação. É interessante notar que em todos os anos há um filme de
terror que se destaca e surpreende. 2011 foi o ano de “Sobrenatural”, em 2012
tivemos “O Segredo da Cabana”, 2013 só deu para “Invocação do Mal”, 2014 teve
“The Babadook” e 2015 definitivamente é o ano de “It Follows”, um dos melhores
filmes de terror da atualidade e um sopro de qualidade nesse gênero tão
desgastado.
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