Com seu EP de estreia, “Northtown”, Shamir se
mostrou como uma das revelações mais interessantes de 2014, dono de um estilo
que mistura funk, disco e synthpop e de uma voz andrógina que o mesmo define
como um meio-termo entre o feminino e o masculino. Desde suas primeiras
músicas, o cantor de Las Vegas já era um nome para ficarmos de olho e seu álbum
de estreia, “Ratchet”, lançado nesta semana, só prova isso. Veja a nossa
review:
Vegas –
“Ratchet” é aberto com um synth-pop lento e sedutor, onde a voz andrógina do
cantor tem espaço para brilhar, mas que ainda não consegue chamar a atenção
para o álbum do jeito que o primeiro single do trabalho demonstrava. Nota: 5.5/10
Make a
Scene – Colocando um sorriso no rosto de quem torceu um pouco o nariz para
“Vegas”, “Make a Scene” chega como uma forte aposta para single. Sobre uma
batida de disco-funk que parece ter saído anos 80, incluindo um break nervoso
de sintetizadores, Shamir critica a superficialidade e a vida agitada cheia de
festas e luxúria da geração adolescente. Um dos pontos altos do disco? Claro. Nota: 9.5/10
On the
Regular – E por falar em ponto alto do disco, “On The Regular”, o primeiro
single do álbum vem logo em seguida, e é interessante saber que, mesmo depois
de ouvir todo o álbum, esta continua sendo uma das melhores faixas do registro.
Extremamente eletrônica e agitada, a música traz fortes influências da rapper
Azealia Banks, aliás, a maior parte da canção é constituída de um rap
descontraído e debochado de Shamir. Grande single, really really?
Really really? Aham, really. Nota: 10/10
Call It Off – Para completar o trio de hinos do
“Ratchet”, somos presenteados com “Call It Off”. Tão animada quanto a
anterior e perfeita para uma festa anos 90 em uma discoteca com muitos globos
espelhados e calças boca-de-sino, o segundo single do material traz deliciosas
batidas disco e vários tipos de cativantes sintetizadores. Dá vontade de sair
dançando por aí como os fantoches do clipe fazem! Nota: 10/10
Hot Mess –
A quinta faixa na tracklist é um disco-funk aos moldes de “Make a Scene”, mas
sem chegar aos pés dela. Aqui temos um refrão fraco e uma canção linear demais
que nunca explode. No fim, “Hot Mess” pode ser considerada como “descartável”. Nota: 4.5/10
Demon –
Acalmando os nervos um pouco, “Demon” traz um lado mais pop cheio de alma. Os
sintetizadores, aqui bem suaves e alegres, ainda se fazem presentes, juntos a
um tímido piano e uma bela letra. Ao ouvir “Demon”, não seria muito
surpreendente ficar com vontade de sentar na areia da praia e respirar o ar
fresco ao som dessa maravilha. Já estamos preparando nossos cartazes de “Demon
como single” desde já. Nota: 9.0/10
In for the
Kill – Mantendo o alto nível alcançado aqui (Que “Hot Mess” quase desequilibrou),
“In for the Kill” é uma das faixas mais curiosas e gostosas de se ouvir, com
sua bagunça esquisita de saxofones e suas batidas pop meio disco meio jazz
deliciosa (Que chegam a lembrar os trabalhos antigos de Lily Allen), e merece
ser single, como quase tudo nesse CD, afinal. Nota: 8.5/10
Youth –
A antepenúltima faixa do disco traz uma mistura de soul, funk e a essência
eletrônica do álbum, com uma performance vocal impressionante de Shamir, que
inicia de modo lento e acaba por crescer até o final, onde atinge seu ápice,
com os “you, you, you, you” e os falsetes do cantor de Las Vegas. Nota: 8.0/10
Darker
– A primeira balada do álbum aparece no final do álbum e se a voz de Shamir
estava impecável em “Youth”, aqui atinge outros níveis, impressionando com os
falsetes. “Darker” possui uma linda e delicada letra e um instrumental quase
inaudível, que começa com uma orquestra e depois se limita a um denso
sintetizador. Não é um destaques, mas é uma bela canção, com certeza. Nota: 6.5/10
Head in the
Clouds – O clima funky disco está
de volta em “Head in the Clouds”, faixa que fecha com chave de ouro o álbum de
estreia de Shamir. Com batidas rápidas e extremamente dançantes, além de
sintetizadores cativantes como os de “Make a Scene”, a faixa deixa um gostinho
de “quero mais” quando acaba. O jeito é colocar o disco no repeat. Nota: 8.5/10
KC –
Uma baladinha acústica que não prende a atenção em absolutamente nada. Ainda
bem que é apenas uma canção bônus. Nota:
4.5/10
Resumo
geral: A impressão que fica o “Ratchet” é de que Shamir nasceu na época
errada. Ele poderia ser descrito como uma mistura entre Michael Jackson e
Prince assim como também poderia ser considerado como uma versão atualizada de
uma disco diva. Suas intenções ficam
claras em cada música da tracklist: Shamir quer trazer de volta a cultura do
funky disco que os anos 80 adoravam, mesmo que ele nem tenha chegado a viver a
época (Ele tem apenas 20 anos), e nós adoramos isso. “Ratchet” é um disco
divertido e bem construído, mesmo com suas poucas falhas, e Shamir é dono de um
estilo tão único e atraente que suas novas músicas dificilmente passarão
despercebidas por nós.
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