domingo, 5 de abril de 2015

REVIEW: FKA twigs - LP1




A britânica Tahliah Barnett, sob o nome de FKA twigs, lançou em 2012 e 2013, os EPs “EP1” e “EP2”, que traziam um trabalho único e diferente de tudo o que ouvíamos nos rádios. Com sua voz angelical, ela arrebatou a crítica e vários fãs, que ficaram impressionados com seu trabalho experimental. O mais surpreendente é que, além de uma cantora excepcional, Barnett é a compositora de suas músicas, além de produtora e dançarina – E que dançarina! Em 2014, ela veio com seu álbum de estreia, chamado de “LP1”, e nossa opinião sobre ele você confere agora.

Preface – A faixa que abre o trabalho é a curta “Preface”, que, como o nome já deixa explícito, serve como um prefácio do álbum, uma introdução que mostra o que virá a seguir: Faixas intrigantes e, em sua maioria, diferente de outras produções que costumamos ouvir. A canção soa como uma cerimônia de iniciação, onde você é preparado para mergulhar no oceano de emoções e sentimentos pelo qual twigs te guiará ao longo do álbum. Nota: 8.0/10

Lights On – A excentricidade da faixa anterior continua na curiosa “Lights On”, onde, sobre um instrumental minimalista que cresce ao longo da canção, a cantora entoa os versos sensuais com sua voz mais sensual ainda. A digestão da música é difícil e ela soa esquisita em uma primeira ouvida, mas é só escutar mais uma vez que você será arrebatado pelo instrumental curioso e a angelical da britânica. Nota: 7.5/10

Two Weeks – Em seguida, somos presenteados com o carro-chefe do material. “Two Weeks” é com certeza uma das faixas mais digeríveis do álbum, com seu R&B eletrônico menos experimental que o da faixa anterior e uma letra igualmente sensual. O single ganhou um clipe nada menos que incrível e figurou entre várias listas dos melhores de 2014. Não é pra menos, já que “Two Weeks” é uma canção sexy e extremamente envolvente. Nota: 10/10

Hours – A quarta faixa do disco se inicia com batidas pesadas e descompassadas contrastando com os vocais frágeis de twigs, que faz uma declaração de amor a alguém, dizendo que poderia beijá-lo por horas. A voz da cantora é realmente um destaque da canção, com falsetes quase inacreditáveis e um timbre doce que nos faz suspirar a cada palavra dita. Nota: 8.0/10

Pendulum – Uma das faixas mais diferentes do álbum é esta, com suas batidas nervosas e distantes do resto da música. É impressionante como FKA consegue transmitir seus sentimentos com a voz de uma forma tão profunda. Aqui o tema abordado é a solidão e a angústia de tentar ser a pessoa certa para alguém e achar que nunca é suficientemente boa. Simplesmente fenomenal. Nota: 9.5/10

Video Girl – Sem as camadas de complexidade da faixa anterior, “Video Girl” é, ainda assim, uma faixa encantadora. Aqui twigs está furiosa com um alguém que mentiu para ela, o que fica explícito no refrão. Ao contrário da maioria das faixas já apresentadas, esta conta com um instrumental bem menos experimental, ora meio ágil e rápido (nos versos), ora lento e minimalista (no refrão), e ainda há espaço no final para algo parecido com os ruídos de “Pendulum”. Nota: 9.0

Numbers – Em “Numbers”, twigs continua com a fúria de “Video Girl”, mas agora ela toma uma atitude, soando ameaçadora (tonight, i’ve got a question for you, tonight, do you want to live or die?). O instrumental carrega um trip-hop frenético e curioso junto a uma bagunça de sons distintos, dando um efeito mais animado à canção. Nota: 7.5/10

Closer – A esquisitice de “Numbers” dá espaço a um instrumental mais “digerível”, que chega a ser até bem dançante. A marca da excentricidade de twigs, no entanto, fica a cargo dos vocais dela na canção, que parecem um coral e soam distantes e fantasmagóricos, contrastando com o instrumental mais comercial da canção. Nota: 8.5/10

Give Up – Flertando com algo mais comercial, “Give Up” tem uma leve influência da trap music, somados a um arranjo de algo que parece uma flauta, dando um efeito alegre à faixa. A letra é traz uma twigs otimista, que fala sobre estar ao lado de alguém o tempo todo e não deixá-lo desistir. Nota: 9.0/10

Kicks – A canção que fecha o álbum é uma das melhores. Ao longo de aproximadamente cinco minutos e meio, a cantora nos arremata de um jeito tão forte que é difícil não apertar o replay depois de terminar de ouvir esta música. É uma música misteriosa, com suas raízes fincadas em um R&B viciante mais levado pro trip-hop já experimentado em outras faixas. “Kicks” encerra o “LP1” com chave de ouro. Nota: 10/10

Resumo geral: Desde o lançamento do “EP1”, FKA twigs mostrou que não é apenas uma cantora comum, é uma artista que procura experimentar sons e estilos, mas com uma identidade própria e única, algo que também é feito pela islandesa Björk. Com uma videografia invejável, ela tem um estilo para usar como base, sendo este o R&B, mas não são propriamente ritmos que ela gosta de misturar e sim sons, no sentido mais literal da palavra. twigs pode transformar um som do cotidiano, como, por exemplo, o barulho de um pêndulo batendo em uma superfície de madeira, em uma música. Às vezes, o R&B ou o trip-hop de suas canções é apenas um detalhe em meio aos outros sons mais experimentais. Depois de dois EPs incríveis, ela trouxe sua marca para um disco completo, resultando em um dos melhores discos de 2014.


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