quarta-feira, 12 de agosto de 2015

CRÍTICA: O Substituto de David Nicholls



Ano: 2013 / Páginas: 320
Idioma: português
Editora: Intrínseca

Hello, hello, hello! Já faz alguns meses que nenhum post literário (book haul, crítica ou whatever) aparece por aqui, e há uma razão para isso: Eu não estava lendo absolutamente nada. Sim, meus caros, e eu não sei o porquê. Talvez eu tenha ficado uns bons 4 meses sem tocar num livro e isso foi um desperdício, logo me dei conta disso, acordei para a vida e voltei para “O Substituto” do David Nicholls, minha última leitura antes da “hibernação”.

Bom, o livro conta a história de Stephen C. McQueen, um fracassado ator que faz papel de figurante em todos os aspectos da sua vida. Separado da ex-mulher e, literalmente, “substituto” do famoso galã Josh Harper numa peça de teatro, Stephen é um homem cheio de sonhos, mas que não conseguiu realizar quase nada no alto dos seus 32 anos.

Se de um lado temos um personagem que se afoga em mágoas, bebedeira e lamentações, de outro temos o seu completo inverso. Josh é a receita de sucesso, eleito o 12° homem mais sexy do mundo, ele é narcisista, rico e tem todas as mulheres que deseja. Ah, na verdade, todas as mulheres o desejam. O restante do elenco dessa trama literário é formado por Sophie, filha do Stephen, uma garotinha esperta de 7 anos que não vê o pai da melhor forma. Nora, esposa de Josh, uma mulher um tanto infeliz com o casamento e Alison, ex-mulher de Stephen que nutre um misto de afeição, compaixão e pena por ele.

Já deu para perceber que Stephen não é a pessoa mais amada do mundo, não é mesmo? Essa vibe “Todo mundo odeia o Stephen” funciona em despertar compaixão no leitor desde o princípio do livro, e tal compaixão alcança seu auge quando Stephen é convidado por Josh para uma “festinha particular”, mas só chegando lá ele descobre que foi convidado para ser um dos garçons. E é nesse ápice de humilhação que Stephen conhece Nora, rouba um dos prêmios de Josh e toda a trama passa a se desenrolar.

Para mim, um dos maiores atrativos nesse livro foram as mini aulas de cinema presentes nele, várias e várias citações aos clássicos do cinema - filmes e atores - permeiam a história em conjunto com a narração envolvente já típica do David. Isso é um ponto fortíssimo no livro, a capacidade de equilibrar humor, o drama diário da vida do personagem principal e as injeções da sétima arte ao longo da narrativa, cinéfilos de plantão vão adorá-lo.

Se ao longo do livro temos personagens interessantes e fieis à realidade, uma narrativa bacana, inteligente e bem construída, o desfecho decepciona completamente. Não vou dar spoiler, pois sou a pessoa mais “antispoiler” que você conhecerá na sua vida, mas, no mínimo, as últimas páginas de “O Substituto” brocham completamente o leitor. Motivos: O livro estava caminhando para um clímax que seria, para resumir, genial, e então David resolve quebrar o momento e mudar o rumo do livro para um final totalmente previsível e “viveram felizes para sempre”. Não que esse final ofusque as qualidades do restante da obra, mas ele doeu, e doeu muito.

Decepções à parte, eu recomendo a leitura. “O Substituto” é um livro inteligente, mostra as decepções da realidade humana de forma sutil contrastada com doses de humor e foi exatamente por isso que eu notei personagens tão... vívidos. Poderíamos facilmente encontrar um Stephen nos teatros do mundo afora.




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