Twenty One Pilots é uma das bandas mais curiosas
da atualidade, com uma mistura de rap e rock interessantíssima e uma qualidade
lírica invejável, eles ganharam a atenção do mundo com o terceiro álbum de
estúdio, que eles preferem chamar de primeiro, “Vessel”, que marcou uma nova fase da banda e onde estão presentes
duas das minhas músicas favoritas de todos os tempos (Sim, de todos os tempos),
“Car Radio” e “Migraine”. Agora em 2015 eles vieram com seu quatro (Ou segundo, se
preferirem) álbum de estúdio, denominado de “Blurryface”, um personagem que Tyler criou e, de acordo com ele, o
quer morto. Tudo no álbum gira em torno da entidade que é Blurryface e a luta
entre Tyler e ele. Veja a nossa opinião sobre o álbum:
Heavydirtysoul
– A faixa que apresenta – muito bem, diga-se de passagem – o álbum é
“Heavydirtysoul”, com sua bateria nervosa e rápidas batidas de breakbeat, além do rap eufórico de
Tyler, que começa uma luta de personalidades na sua mente perturbada, pedindo
ajuda para que alguém possa salvar sua alma pesada e suja, no ponto mais alto
da canção, o grandioso refrão. Começaram o disco com uma das melhores músicas. Nota: 10/10
Stressed
Out – No terceiro single do álbum, o clima fica mais calmo, com batidas mais
lentas e um clima mais pop com influências de reggae parecidas com o hit
“Smile” da Lily Allen. No tranquilo mid-tempo, Tyler canta sobre a saudade que
sente da infância e a pressão que é ser adulto. Antes do refrão, somos
apresentados a Blurryface, a entidade criada pela banda, dando as caras
lentamente. Nota: 9.5/10
Ride –
A influência do reggae fica evidente em “Ride”, fortíssima concorrente a melhor
canção do álbum, onde Tyler permanece inseguro acerca da vida e das pessoas,
mas em uma melodia tão alegre e deliciosa que maquia perfeitamente esse
sentimento de medo que a letra carrega. Sem dúvidas uma grande canção. Grande
não, enorme, colossal! Uma das melhores da breve carreira de Tyler e Josh,
talvez chegando próximo à obra-prima “Car Radio”, do Vessel. Eu não estou
mentindo, é só ouvir o refrão (“Oh oh oh,
oh oh oh, i’m falling, so i’m taking my time on my ri-i-ide”) que você
perceberá que “Ride” é uma das melhores canções de 2015! Nota: 10/10
Fairy Local –
“Fairly Local” foi o primeiro contato com “Blurryface” que tivemos, mas não
resume toda sonoridade do álbum, já que esta faixa é a mais pesada do álbum,
com suas batidas fortemente influenciadas pelo hip-hop flertando até com o
dubstep e o trap e uma letra obscura e pessimista que “nunca passará no rádio”.
Blurryface volta a aparecer, em um jogo de tom de vozes que evidencia sua
presença. Incrível! Nota: 10/10
Tear In My
Heart – O segundo single oficial do disco sai da zona de letras pessimistas
e traz uma composição sobre o amor, mais precisamente sobre uma garota que vai
lhe levar mais alto do que ele já foi. Além da letra deixar explícita a pequena
felicidade de Tyler, a melodia meio pop-rock com synths também carrega esse
clima alegre. Apesar de aliviar o climão das letras anteriores e mesmo tendo
sido single, a faixa não é um dos destaques. Não é ruim, mas não é tão boa
quanto o que foi ouvido até agora. Nota:
7.5/10
Lane Boy
– Em uma das músicas mais comerciais do álbum, Tyler e Josh vêm criticando a
indústria musical atual, que prende o artista e o faz seguir padrões que às
vezes não têm nada a ver com sua essência. No entanto, os dois não se rendem e
fazem o que querem com sua liberdade artística. Musicalmente, “Lane Boy” é uma
das faixas mais ricas da produção, com uma mistura de instrumentos e ritmos
variados. Tem rap, reggae, vários tipos de sintetizadores e até uma pitada drum
and bass. Nota: 8.5/10
The Judge
– Para nos arrebatar com força, “The Judge” já começa com um ukulele
apaixonante e tem um refrão delicioso, com direito a um falsete de Tyler, mas a
letra não é tão feliz quanto parece. Como na faixa que abre o álbum, aqui ele
pede a salvação para alguém que ele chama de juiz, quem, no caso, poderia ser
Deus ou até mesmo o próprio Blurryface. É a faixa que já dá para imaginar todo
mundo balançando a cabeça e cantando junto nos shows ao vivo. Nota: 9.0/10
Doubt –
Os sentimentos esquizofrênicos de Tyler voltaram a aparecer, mas agora a letra
pode ser considerada como seu afastamento de Deus, onde ele pede que, mesmo
quando as dúvidas apareceram, o provável “juiz” da canção anterior não esqueça
dele. Musicalmente, a faixa se aproxima de “Fairly Local”, com um instrumental de
trap/hip-hop e sintetizadores obscuros, mas consegue criar sua própria marca e se
destacar de muitas outras. Definitivamente um dos pontos mais altos desta
impecável obra que é o “Blurryface”. Nota:
10/10
Polarize
– A infância de Tyler volta a ser o assunto central da canção, mas agora ele se
lamenta, dizendo que de desejaria ter sido um filho e um irmão melhor, uma
pessoa melhor e mais corajosa. É mais um estágio dos sentimentos depressivos de
Tyler, mas em um instrumental animadinho. Nota: 8.0/10
We Don’t Believe What’s On TV – Seguindo os mesmos passos de
“Tear In My Heart”, “We Don’t Believe What’s On TV” tem uma letra
bonitinha, que quebra o clima obscuros da anteriores, com Tyler falando
novamente sobre o amor, e um instrumental animado, com ukulele e até um
trompete tocado por Josh. Nota: 8.0/10
Message Man
– Mais uma mistura de pop-rock e reggae que funciona muito bem, em “Message
Man”, Tyler avisa o que nós já havíamos percebido, que as letras das músicas da
dupla nem sempre são o que parecem (“Essa letra não é para todos, apenas alguns
entenderão”) e pede que sejam discretos ao interpretar a mensagem, alegando que
não conhecemos seu cérebro e seu coração. É a canção com a composição mais
curiosa, não a melhor, mas a mais curiosa. Nota:
8.5/10
Hometown
– Em “Hometown”, como o nome já diz, Tyler fala sobre a cidade natal da banda,
mas, ao contrário do que você pode pensar (Ou do que o instrumental pop e feliz
faz parecer), eles não têm boas lembranças, dizendo que na cidade de onde
vieram é escura e que, lá, eles não são ninguém. É evidente que a faixa não tem
a pretensão de ser um dos pontos fortes do disco e realmente não é, mas não
deixa de ser interessante. Nota: 7.0/10
Not Today
– A penúltima faixa do álbum representa o início da derrota de Blurryface,
quando Tyler finalmente se sente forte o suficiente para rasgar as cortinas,
abrir as janelas e deixar a luz entrar. Com um papel tão importante no conceito
do álbum, “Not Today” deveria ser uma faixa mais memorável, musicalmente, mas
se limita a um pop-rock sem muitos atrativos. No fim das contas, é covardia dar
nota baixa levando em conta a letra e a importância da canção. Nota: 7.0/10
Goner –
A música que fecha o álbum representa a derrota definitiva de Blurryface. Aqui
Tyler pede ajuda para tirar esse lado ruim de dentro da sua mente, e no fim
consegue, se libertando do personagem que sua mente criou. Todos os sentimentos
são impressos até mesmo na sonoridade da canção, que começa ao som de um leve
piano e os versos cantados com a voz cheia de sofrimento de Tyler, onde ele
pede ajuda, e no fim, quando finalmente consegue vencê-lo, a canção cresce e
ele passa a cantar em gritos agressivos sobre um grandioso instrumental. Nota: 9.0/10
Resumo
geral: “Blurryface” continua no estilo musical que os dois estabeleceram em
suas produções, a mistura de rap e rock, mas vai além, adicionando elementos
até mesmo de reggae. As letras continuam um ponto fortíssimo da dupla e agora
tudo está ainda mais coeso e fundido, tendo como ponto de partida os
sentimentos confusos de medo e insegurança que Tyler tem em sua mente
perturbada. Durante as 14 músicas do álbum passamos por várias fases da vida
dele e conhecemos os seus sentimentos, até mesmo outra personalidade –
altamente destrutiva – infiltrada em sua mente, o Blurryface. Tudo segue uma
ordem e está interligado. O resultado não poderia ser mais positivo e
“Blurryface” consegue um feito que parecia impossível: Superar o álbum
antecessor, “Vessel”, que por si só já era uma obra-prima. Ainda não temos uma
nova “Car Radio” (Talvez “Ride” seja a que chega mais perto), mas no conjunto
geral, o novo disco de Tyler e Josh é melhor. Definitivamente o álbum do ano
até agora.
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