M.I.A. é uma das artistas mais excêntricas da
atualidade. Com três álbuns incríveis na bagagem e com seu estilo freak v1d4l0k4, ela exala atitude e acidez. Seu quarto álbum, “Matangi”,
foi adiado inúmeras vezes e quase não viu a luz do sol, precisando até mesmo a
rapper ameaçar liberar o disco gratuitamente na internet para que ele ganhasse
uma data de estreia. O álbum leva o nome de batismo da artista, uma homenagem à
divindade hindu Matangi, o que já demonstra o motivo de algumas faixas estarem
sempre nessa aura lisérgica e religiosa com temas como reencarnação, com
instrumentais que misturam a música urban e arranjos da cultura oriental. Veja
a nossa opinião sobre o disco.
Karmageddon
– “Matangi” é aberto por uma faixa curta, de pouco menos de dois minutos, cujo
início é um som de meditação. O que se segue depois disso é uma faixa calma e
misteriosa, uma introdução que retrata justamente o contrário da bagunça
organizada que está por vir. Nota:
6.5/10
MATANGI
– A faixa-título vem logo em seguida, com um excesso de texturas e informações
que só M.I.A. poderia entregar. “MATANGI” é uma viagem louca e eletrizante do
início ao fim, marcada por instrumental que mistura tambores, chocalhos e até
bizarros gritos. Toda essa bagunça em uma letra ora aleatória, quando ela fala
nomes de países ao redor do mundo, ora ácida, como no verso “We started at the bottom but Drake gets all
the credit”. Nota: 7.5/10
Only 1 U –
A M.I.A. do “Kala” e do “Arular” aparece pela primeira vez na terceira faixa do
“Matangi”, a frenética e barulhenta “Only 1 U”. A faixa possui versos rápidos e
um refrão estranhamente pegajoso, além de uma batida por vezes desconexas, que
culmina em um final bagunçado e esquisito, mas totalmente cativante. Nota: 7.5/10
Warriors
– Quando ouvimos o som de meditação novamente, imaginamos que mais uma faixa
calma está por vir, mas, de lenta, “Warriors” não tem nada. Uma das faixas mais
incríveis do disco traz um instrumental energético, versos poderosos e uma
estrutura nada comum, com um refrão incrível. Não soa tão radiofônica quanto
outras canções do disco, mas seria ótimo ver um clipe desse hino. Nota: 9.0/10
Come Walk
With Me – Diminuindo o ritmo do disco, mas não por muito tempo, “Come Walk
With Me” começa aparentemente como uma música calma e relaxante, com direito
até a palminhas no refrão, mas depois desse refrão, um pouco antes da metade, o
conceito da canção muda completamente e M.I.A. joga a nossa cara na poeira com
uma batida extremamente frenética que vai impedir que você fique parado. É uma
balada dentro de uma música ótima para as baladas! Nota: 8.0/10
aTENTion –
Como o estilo desconexo e nada comum do título da canção já avisa, “aTENTion” é
uma música estranha, muito estranha. O instrumental bagunçado, junto aos versos
cheios de efeitos na voz, às vezes invadidos do nada por uma voz ainda mais
modificada da cantora dizendo “TENT”, não tornam a sexta faixa do disco uma
música digerível à primeira ouvida. Na verdade, demora um pouco para que o
ouvinte se acostume, e, às vezes, isso não acontece. Nota: 5.0/10
Exodus
– A parceria com The Weeknd é uma das faixas mais comerciais do álbum. Deixando
de lado um pouco a bagunça das outras canções, M.I.A. traz uma canção melódica
e gostosa de se ouvir, com um instrumental trap/R&B, que poderia ser um dos
singles do material facilmente. Nota:
8.0/10
Bad Girls –
ALERTA MÁXIMO DE HINO! “Bad Girls” foi o primeiro single do material, o que, na
verdade, não era planejado, talvez por isso a canção soe um pouco destoada do
resto do conceito do álbum. Ainda assim ela consegue ser a melhor coisa do
“Matangi”. Carregada com uma letra cheia de atitude e um refrão nada menos que
genial, “Bad Girls” foi a escolha certeira para single e de longe a melhor
música da imensa e impecável carreira da inglesa (Sim!). O instrumental
produzido por Danja consegue ser tão genialmente incrível quanto todo o resto,
soando como um hino de ralar a ppk no asfalto da Arábia. Como se não bastasse
toda a perfeição da canção, ela ganhou um clipe pra lá incrível. “Bad Girls”
não beira a perfeição, “Bad Girls” é a perfeição. Nota: 10/10
Boom Skit –
“Boom Skit”, que Infelizmente dura apenas um pouco mais de um minuto, M.I.A.
traz um rap mais limpo que nas outras e uma letra ácida que chega a citar até a
polêmica do Super Bowl, envolvendo ela e Madonna. Daríamos tudo para ouvir uma
versão estendida dessa música com mais críticas e mais boom shakalakas. Nota:
8.0/10
Double
Bubble Trouble – Sem dúvidas a faixa mais comercial-farofa do álbum, o hino
“Double Bubble Trouble” é algo que poderia entrar na tracklist de algum álbum
da Rihanna facilmente. Aqui M.I.A. avisa que você tá lascado porque ela tá
entrando no jogo (Sente o poder!), tudo isso sobre um instrumental reggae-trap
para twerkar sem dó, produção que nós jurávamos ser do deus Diplo, mas é do duo
The Partysquad, que também está por trás do hino que vem em seguida. Nota: 9.5/10
Y.A.L.A. –O
hino em questão é “Y.A.L.A.”, tão made
for pistas quanto a anterior (SEGURA O BATIDÃO!). O instrumental deixa de
ser reggae-trap e caminha mais para uma vertente do funk, misturado a uma
batida de hip-hop. O refrão é pegajoso e a letra não é muito boa, mas quando
M.I.A. fala “alarms go off when i enter the building” e sem seguida solta o
batidão, não tem prima emo-gótica-metaleira ou cristã-ungida em cristo que
fique parada. Nota: 9.5/10
Bring the
Noize – SE ABAIXA QUE É TIRO! Para fechar o trio de hinos iniciado em
“Double Bubble Trouble”, M.I.A. reapresenta o segundo single do álbum em uma
nova versão (Com um incrível novo rap), mas ela continua a mesma bagunça
frenética e incrível de antes, com os versos agressivos e politizados quase
cuspidos pela rapper e a genial parte onde ela imita o som de uma metralhadora
(Algo como “Dum dum dum dum dum dum dum dum, free free, dum dum dum, free...”),
que pode soar até como um trocadilho com a palavra freedom (liberdade) ou free
them (liberte-os). “Bring the Noize” é um dos pontos mais altos do disco e
mereceu ser single, pois, mesmo não sendo tão comercial, é M.I.A. em sua melhor
forma. Nota: 10/10
Lights
– “Lights” decepciona... Muito. Talvez isso aconteça por seu posicionamento na
tracklist (Depois de três das melhores músicas do disco) ou porque ela
realmente não é tão boa. De qualquer forma, a antepenúltima do disco jaz na
mesma cova onde “aTENTion” está enterrada. Nota:
4.5/10
Know It
Ain’t Right – A penúltima faixa soa como o que “Lights” deveria ter sido,
relaxante, melódica e gostosa de se ouvir. Aqui a rapper traz de volta uma
batida trap menos excêntrica do que o resto das batidas do disco, junto a
versos cantados e um refrão potente e maravilhoso. Novamente não soa como
M.I.A., parecendo uma versão mais hip-hop de Lily Allen às vezes, mas isso não
é nada ruim, já que “Know It Ain’t Right” é um dos pontos altos do “Matangi”. Nota: 9.0/10
Sexodus
– Com o nome já deixa transparecer, “Sexodus” é muito parecida com “Exodus”. Na
verdade, é quase idêntica, se não fosse pelas diferenças sutis na letra e nos
arranjos, parecendo um remix. Não entendi o porquê de praticamente repetir as
duas músicas, mas não dá para dar nota ruim, já que as duas faixas são
incríveis. Nota: 8.0/10
Resumo
geral: Depois do pequeno escorrego em “/\/\ /\ Y /\”, que não era um álbum
ruim, apenas não possuía a qualidade dos seus antecessores, M.I.A. precisava de
um álbum poderoso para dar a volta por cima e esfregar na cara de todos o seu
talento. Feito! “Matangi” é uma obra incrível, que explora vários sentidos e
culturas, indo além da simples sonoridade. O início da nova era começou lá em
2012 quando ela liberou “Bad Girls”, a melhor faixa da carreira dela na humilde
opinião deste blogueiro, deixando todos ansiosos pelo álbum que traria aquele
single incrível na tracklist. Nossa recepção não poderia ser melhor, M.I.A.!
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