sexta-feira, 17 de abril de 2015

CRÍTICA: Pânico (1996)




AVISO: Os parágrafos a seguir podem conter revelações importantes sobre o filme, se você ainda não assistiu, esteja ciente de que pode encontrar spoilers!

No início dos anos 70 surgia o slasher, subgênero do terror influenciado pelo clássico “Psicose”, de Alfred Hitchcock. Dentre as primeiras produções, é necessário destacar “O Massacre da Serra Elétrica”, “Noite do Terror” e o filme responsável por transformar o slasher em um dos gêneros mais importantes das décadas de 70, 80 e 90, “Halloween”, de John Carpenter. A partir daí, os filmes com assassinos psicopatas matando geral ganharam uma popularidade imensa, com várias produções ao longo dos anos, como “A Hora do Pesadelo”, “Dia dos Namorados Macabro”, “Brinquedo Assassino” e “Sexta-Feira 13”. Nos anos 90, o gênero já estava extremamente desgastado, com produções clichês e pouco inspiradas, mas Wes Craven, diretor do já citado “A Hora do Pesadelo”, lançou “Pânico”, o clássico absoluto divisor de águas para o gênero.

Craven, juntamente com o roteirista Kevin Williamson, usou a seu favor o desgaste do slasher, criando um filme carregado de sátiras, referências e homenagens (Em uma cena, vemos um faxineiro chamado Freddy que usa um suéter vermelho e verde, isso lembra alguém?), personagens marcantes e muita metalinguagem. Um deleite aos olhos de qualquer amante do terror. Aqui não temos um monstro quase imortal matando adolescentes tarados por sexo, é uma pessoa normal em uma fantasia, algo muito mais real.

O filme conta a história de Sidney Prescott (Neve Campbell), que vive na pequena Woodsboro com seu pai, pois sua mãe foi brutalmente assassinada. Quando um assassinato acontece, a cidadezinha fica em choque, mas não demora muito para o tal assassino – que se revela também o autor do crime que tirou a vida de sua mãe – voltar a matar, com ela como alvo principal.

A icônica cena de abertura de “Pânico” é, com certeza, uma das mais importantes do cinema, seja qual for o gênero, todos conhecem a história da adolescente – interpretada por Drew Barrymore – que está sozinha em casa e começa a receber ligações ameaçadoras de um maníaco louco por filmes de terror. Com uma estratégia genial antes do lançamento, o filme era promovido tendo Drew como protagonista, o que causaria um choque por parte da plateia ao ver uma atriz de um patamar tão alto morrer nos primeiros minutos, causando a impressão de que tudo poderia acontecer.

As mortes eram impressionantes, com destaque para a cena inicial já citada. O assassino não chegava e matava, ele amedrontava e nos deixava ansiosos com uma tensão incrível. Cada cena de assassinato era construída maravilhosamente bem, possuindo até mesmo luta contra o assassino. Pois é, aqui a vítima não fica correndo e gritando enquanto o maníaco imortal anda tranquilamente para depois alcança-la facilmente, em “Pânico” as vítimas lutavam contra o assassino, que caía, levava pancadas e garrafadas e matava com dificuldade. Sim, algumas mortes não eram tão violentas como as de hoje em dia, mas quem não se sentiu com o coração na boca na cena da morte de Casey (Drew Barrymore) ou se divertiu muito assistindo Tatum (Rose McGowan) tentar passar pela portinha do gato no portão e depois ser esmagada?


Os personagens são outro ponto forte do filme, primeiramente, Sidney não é uma mocinha burra, inclusive, fazendo uma sátira às personagens assim (Quando perguntada pelo assassino se ela assiste filmes de terror, Sidney responde: “Você sabe que eu não assisto essas porcarias”, então ele pergunta o porquê e ela responde: “Por que não tem sentido, são todos iguais, um assassino idiota persegue uma moça peituda que é péssima atriz e sobe as escadas quando deveria sair pela porta da frente, é muita burrice”). Mas não é apenas a protagonista que brilha, todos os personagens são memoráveis. Dewey (David Arquette) é o policial desastrado que sempre salva o dia (Ele seria assassinado no roteiro original, mas devido ao sucesso do personagem entre a plateia teste, Craven e Williamson resolveram deixá-lo), Randy (Jamie Kennedy) é um amigo de Sidney que trabalha em uma locadora de filmes e é um amante de filmes do terror, inclusive, a maior parte do humor e das referências vem do personagem dele. Gale (Courteney Cox) é uma repórter bitch que acaba se tornando do time dos protagonistas, Stu (Matthew Lillard) é o típico atlético galã que namora a gostosa, mas consegue ser diferente dos outros por sua carga de humor e Tatum é a loira gostosa que só serve para morrer, mas também é diferente das outras, por ser extremamente divertida – com destaque para as cenas entre e ela e Dewey, que é seu irmão. Com isso, Billy (Skeet Ulrich) acaba sendo o personagem menos interessante da trama... Até pouco antes do final.

Depois de “Pânico”, os slashers ganham mais força na indústria, com produções maravilhosas como “Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado” e “Lenda Urbana”. Nunca nenhum se igualou à obra de Wes Craven, mas geralmente não decepcionam, vide os recentes “A Casa de Cera” e “Presos No Gelo”. Homenageando os cults do terror, “Pânico” se tornou o maior deles, ao lado de “Halloween”. Um divisor de águas, um sopro de originalidade responsável por dar um novo fôlego a um gênero desgastado, um filme atemporal, para se rever sempre. Uma obra-prima.

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