É notável que o hip-hop sofreu uma pequena mudança em
2013, quando Macklemore & Ryan Lewis caíram no mainstream com o smash hit “Thrift
Shop”, mostrando que saber fazer rap não é questão de etnia, como já provava
Eminem há muitos anos, e apesar de a vitória do “The Heist” (Álbum da dupla)
sobre o “good kid, m.A.A.d city” do Kendrick Lamar ainda soar injusta, mas
explicável, pois o Grammy trabalha mais com quantidade do que qualidade,
Macklemore & Ryan Lewis tinham um dos álbuns mais poderosos do hip-hop naquele ano.
Em 2014, o fenômeno de “embranquecimento” do
hip-hop chegou a um nível maior quando Iggy Azalea foi catapultada ao público
com o single “Fancy”, que na verdade pende mais para pop do que propriamente
hip-hop.
G-Eazy está nesse meio de artistas brancos no
hip-hop e sua carreira ainda em ascensão já nos provou que ele não é nada
parecido com a maioria dos outros rappers mainstream, brancos ou negros, que
conhecemos, ele não é um artista pop.
Ele prefere falar sobre assuntos maduros, como na
filosófica “Opportunity Cost”, a cantar sobre bundas e drogas. Sim, ele canta
sobre esses temas, mas com uma intensidade muito menor que rappers como Machine
Gun Kelly ou Flo Rida. Claro, G-Eazy não é nenhum Kendrick Lamar, mas carrega
em suas letras um estilo sério parecido.
Muito comparado à Drake, seja pela voz ou estilo,
ele lançou seu primeiro álbum em 2014, retirando de lá sete (!) incríveis singles,
como a debochada “I Mean It”. Aqui não há refrões pegajosos e participações de
cantores famosos cantando esses refrões. “These Things Happen” não é bem um álbum
comercial.
O último single extraído do álbum até agora foi a
entorpecente “Tumblr Girls”. Na letra, G-Eazy narra um relacionamento de uma
noite por uma garota superficial, típica de redes sociais, de acordo com ele,
que posta fotos se mostrando poderosa e badass,
quando na verdade é uma rainha do drama. Sério, eu não faço ideia de como são
os efeitos das drogas, mas deve ser algo parecido com o efeito que essa música
causa.
Ainda entre as minhas favoritas no “These Things
Happen”, apresento-lhes “Far Alone” e “Lotta That”. A primeira tem um
instrumental melódico e uma letra sobre ele ter chegado até onde está sem que
quase ninguém acreditasse em seu potencial, algo como o que Iggy Azalea fez em “Work”
e “Walk The Line”. Já a segunda é uma alucinante trap-gangsta,
com participação especial do A$AP Ferg e um instrumental pesado, daquelas para se sentir um gangster v1d4l0k4.
Infelizmente fora do álbum ainda há músicas
maravilhosas que mereciam o devido reconhecimento que os singles tiveram, como
a maravilhosa – e minha favorita ao lado de Tumblr Girls e Lotta That – “I Don’t Believe You”,
que possui um dos poucos refrões que podem ser considerados pegajosos, com a
repetição da frase “bitch, i don’t believe you”. O instrumental é energético, o
refrão é daqueles para se pegar cantando às vezes e o jeito despretensioso com que
G-Eazy entoa seus versos, com uma voz fina em algumas palavras é um charme nesta
injustiçada faixa, lançada apenas como single promocional antes do álbum.
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