sexta-feira, 17 de abril de 2015

CRÍTICA: Pânico 4 (2011)




AVISO: Os parágrafos a seguir podem conter revelações importantes sobre o filme, se você ainda não assistiu, esteja ciente de que pode encontrar spoilers!

“Pânico” foi planejado para ter apenas duas continuações, mas os rumores sobre um quarto foram tão fortes que se confirmaram. 8 anos depois do último filme da trilogia, “Pânico 3”, “Pânico 4” foi confirmado e três anos depois, em 2011, finalmente chegou aos cinemas, com o slogan “Nova década, novas regras” e o retorno do trio inicial de protagonistas, Sidney (Neve Campbell), Dewey (David Arquette) e Gale (Courteney Cox).

Gale e Dewey se casaram, como mostrado no final do filme anterior, e retornaram para viver em Woodsboro (Inclusive, o fato de se passar na cidade original é um dos diversos pontos positivos). Sidney, por outro lado, escreveu um livro sobre sua vida conturbada e virou um sucesso. Os eventos do filme acontecem quando ela também retorna à cidadezinha para promover seu trabalho, ficando na casa de sua tia, Kate (Mary McDonnell) e sua prima Jill (Emma Roberts), a nova Sidney.

Como assim a nova Sidney? Simplesmente, porque além de se passar em Woodsboro novamente, “Pânico 4” é como uma releitura do primeiro filme, sendo extremamente parecido, até mesmo os personagens são novas versões dos originais, pelo grande parte deles. Por exemplo a própria Jill, tímida e inocente (Sidney), Kirby, a melhor amiga divertida (Tatum), Trevor, o namorado da protagonista, com quem ela evita encontrar (Billy), e Charlie/Robbie, os fanáticos por filmes de terror (Randy). Como se não bastasse tecnicamente, o filme também é parecido no quesito “recepção”, ou seja, assim como o primeiro (Mas em menor intensidade, obviamente), o quarto filme chegou como uma boa opção de um gênero já desgastado.

A cena inicial é simplesmente genial, e realmente surpreende pela qualidade e originalidade. O filme se inicia com duas garotas conversando sobre qual filme irão assistir (Citando “Jogos Mortais” no meio), mas logo são assassinadas por um maníaco que seguia uma delas pelo Facebook em uma cena sem muitos atrativos. Quando estamos prestes a nos decepcionar, descobrimos que aquilo na verdade era o início de “Stab 6”, o qual duas garotas estavam assistindo. As duas começam a conversar sobre os filmes de terror (Onde o filme satiriza o próprio “Pânico” e sua fórmula aparentemente desgastada, assim como ele fez em 1996) e logo uma delas assassina a outra. Você está quase se perguntando “what the hell?”, quando descobrimos que aquilo é, na verdade, o início de “Stab 7” (!). Agora sim as duas vítimas são reais. Marnie (Britt Robertson) e Jenny (Aimee Teegarden) começam a conversar sobre filmes de terror e Jenny resolve pregar uma peça na outra, ligando e falando com a voz do assassino (Através de um aplicativo), mas a situação logo se inverte e ela recebe a ligação do verdadeiro maníaco, que já havia assassinado Marnie. Ghostface inicia um jogo psicológico à la Casey Becker, com direito até a luzes apagadas, e termina matando a garota na garagem (Uma mistura das mortes de Casey e Tatum, isso não é legal?)

Depois da maravilhosa cena de abertura, somos apresentados aos novos personagens adolescentes da vez, descobrindo, desta vez pela internet, a notícia do assassinato das duas garotas, que lá estudavam (Inclusive, a internet e os smartphones são novos elementos adicionados à franquia que funcionam muito bem). Para se ter uma ideia da semelhança com o original, “Pânico 4” teria até mesmo uma cena com os personagens sentados na fonte da escola, uma clara homenagem à cena do primeiro filme.


Os personagens não são tão carismáticos quanto os originais, mas temos ressalvas. A única que merece o devido reconhecimento é a musa Kirby (Hayden Panettiere), uma das melhores personagens da franquia. Ela é engraçada e bem mais carismática do que a protagonista Jill, mas o motivo disso é revelado no final. Este é o primeiro filme onde sentimos um pouco de apelação da garota gostosa que aparece nua ou com roupas íntimas, cuja lacuna é preenchida por Olivia (Marielle Jaffe), mas vamos dar uma trégua, afinal, ela tem a morte mais violenta de toda a série, com direito até a entranhas de fora e quarta todo ensanguentado (!).

Por falar nas mortes, aqui elas estão bem mais interessantes do que as apresentadas no terceiro filme e agora são gravadas para serem colocadas na internet (Outra novidade interessante que o quarto filme adicionou). Além do violentíssimo assassinato de Olivia Morris, temos também a ótima morte de Rebecca (Alison Brie), esfaqueada e jogada de um prédio, mas não antes de sofrer um dos melhores jogos psicológicos da franquia (Afinal, estacionamentos desertos, mas cheios de carros, são sempre bons cenários para cenas tensas), um pescoço cortado e um tiro no pênis (Ai!).

O filme meio que aposenta os personagens principais, limitando eles a meros espectadores da nova turma de personagens, afinal, Jill é um espelho de sua prima. Dewey continua o mesmo policial desastrado e carismática, enquanto Gale não consegue mais escrever um livro e decide voltar a ser jornalista indiretamente, mas o verdadeiro amadurecimento fica por conta de Sidney, que agora se mostra uma mulher forte que, ao invés de fugir do assassino, o enfrenta. Neve Campbell está excelente como sempre foi, assim como a maioria do elenco. O destaque, no entanto, fica por conta de Emma Roberts no papel da mocinha que vira vilã, Jill, com uma performance arrasadora. No final do filme, a maioria dos arquétipos se invertem. Jill não é a nova Sidney, Charlie não é o novo Randy e Kirby não é a nova Tatum.

Kirby, inclusive, além de ser uma das melhores personagens do filme e da franquia, possui uma das cenas mais interessantes de “Pânico 4”, onde ela fica atrás de uma porta respondendo perguntas do assassino enquanto Charlie está amarrado em uma cadeira do lado de fora, exatamente como Casey e Steven no primeiro filme. As perguntas do maníaco e as respostas da garota são maravilhosas, provando que a volta de Kevin Williamson no roteiro foi muito saudável para a série (Apesar de ainda ter dedos de Ehren Krueger, o roteirista da terceira parte, no filme). Uma boa notícia para os fãs da personagem é que Kirby pode não ter morrido, pois alguns rumores indicam que Hayden Panettiere assinou contrato para um quinta parte. Isso até que faria todo o sentido, já que quando o filme mostra a personagem pela última vez, ela não está morta. E se Dewey pode sobreviver a várias facadas, a rainha também pode, não é?

Como já citei, o final nos apresenta Jill como a grande vilã e Charlie como seu braço direito. O motivo é meio forçado, fama, mas demonstra toda a insanidade da garota. Ela queria ser famosa como a única sobrevivente do novo massacre, ela realmente queria ser a nova Sidney, matando seu parceiro para isso, assim como Billy matou Stu no original. Os dois planejavam colocar a culpa em Trevor, que era desde cedo o mais suspeito dos assassinatos, assim como Billy e Stu planejavam culpar o pai de Sidney no primeiro filme. Por homenagem, a roupa que Trevor está vestindo na cena final é igual à de Neil Prescott. A verdadeira cena final ocorre em um hospital, onde a vilã enfrenta o trio de protagonistas e acaba sendo morta, fazendo Sidney soltar um épico “don’t fuck with the original”.

Depois de uma terceira parte não tão boa quanto as duas primeiras, “Pânico 4” veio para dar um novo fôlego à franquia, trazendo um filme com um ótimo roteiro e várias referências ao original adaptando as regras dos filmes aos moldes atuais (“Nova década, novas regras”). A quarta parte da trilogia (rs) consegue ser bem melhor que “Pânico 3” e chega bem perto da qualidade do segundo filme, já que o original continua intocado. Wes Craven havia confirmado que “Pânico 4” abria uma nova trilogia, indo até o sexto filme, mas parece que “Pânico 5” será o último. Desde já esperamos ansiosamente, porque, como provam todos os quatro filmes, a franquia está longe de ter um filme ruim.

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