AVISO: Os parágrafos a seguir podem conter revelações importantes sobre o filme, se você ainda não assistiu, esteja ciente de que pode encontrar spoilers!
“Pânico” foi planejado para ter apenas duas
continuações, mas os rumores sobre um quarto foram tão fortes que se
confirmaram. 8 anos depois do último filme da trilogia, “Pânico 3”, “Pânico 4”
foi confirmado e três anos depois, em 2011, finalmente chegou aos cinemas, com
o slogan “Nova década, novas regras” e o retorno do trio inicial de
protagonistas, Sidney (Neve Campbell), Dewey (David Arquette) e Gale (Courteney
Cox).
Gale e Dewey se casaram, como mostrado no final do
filme anterior, e retornaram para viver em Woodsboro (Inclusive, o fato de se
passar na cidade original é um dos diversos pontos positivos). Sidney, por
outro lado, escreveu um livro sobre sua vida conturbada e virou um sucesso. Os
eventos do filme acontecem quando ela também retorna à cidadezinha para
promover seu trabalho, ficando na casa de sua tia, Kate (Mary McDonnell) e sua
prima Jill (Emma Roberts), a nova Sidney.
Como assim a
nova Sidney? Simplesmente, porque além de se passar em Woodsboro novamente,
“Pânico 4” é como uma releitura do primeiro filme, sendo extremamente parecido,
até mesmo os personagens são novas versões dos originais, pelo grande parte
deles. Por exemplo a própria Jill, tímida e inocente (Sidney), Kirby, a melhor
amiga divertida (Tatum), Trevor, o namorado da protagonista, com quem ela evita
encontrar (Billy), e Charlie/Robbie, os fanáticos por filmes de terror (Randy).
Como se não bastasse tecnicamente, o filme também é parecido no quesito
“recepção”, ou seja, assim como o primeiro (Mas em menor intensidade,
obviamente), o quarto filme chegou como uma boa opção de um gênero já
desgastado.
A cena inicial é simplesmente genial, e realmente
surpreende pela qualidade e originalidade. O filme se inicia com duas garotas conversando
sobre qual filme irão assistir (Citando “Jogos Mortais” no meio), mas logo são
assassinadas por um maníaco que seguia uma delas pelo Facebook em uma cena sem
muitos atrativos. Quando estamos prestes a nos decepcionar, descobrimos que
aquilo na verdade era o início de “Stab 6”, o qual duas garotas estavam
assistindo. As duas começam a conversar sobre os filmes de terror (Onde o filme
satiriza o próprio “Pânico” e sua fórmula aparentemente desgastada, assim como
ele fez em 1996) e logo uma delas assassina a outra. Você está quase se
perguntando “what the hell?”, quando descobrimos que aquilo é, na verdade, o
início de “Stab 7” (!). Agora sim as duas vítimas são reais. Marnie (Britt
Robertson) e Jenny (Aimee Teegarden) começam a conversar sobre filmes de terror
e Jenny resolve pregar uma peça na outra, ligando e falando com a voz do
assassino (Através de um aplicativo), mas a situação logo se inverte e ela
recebe a ligação do verdadeiro maníaco, que já havia assassinado Marnie.
Ghostface inicia um jogo psicológico à la Casey Becker, com direito até a luzes
apagadas, e termina matando a garota na garagem (Uma mistura das mortes de
Casey e Tatum, isso não é legal?)
Depois da maravilhosa cena de abertura, somos
apresentados aos novos personagens adolescentes da vez, descobrindo, desta vez
pela internet, a notícia do assassinato das duas garotas, que lá estudavam
(Inclusive, a internet e os smartphones são novos elementos adicionados à
franquia que funcionam muito bem). Para se ter uma ideia da semelhança com o
original, “Pânico 4” teria até mesmo uma cena com os personagens sentados na
fonte da escola, uma clara homenagem à cena do primeiro filme.
Os personagens não são tão carismáticos quanto os
originais, mas temos ressalvas. A única que merece o devido reconhecimento é a
musa Kirby (Hayden Panettiere), uma das melhores personagens da franquia. Ela é
engraçada e bem mais carismática do que a protagonista Jill, mas o motivo disso
é revelado no final. Este é o primeiro filme onde sentimos um pouco de apelação
da garota gostosa que aparece nua ou com roupas íntimas, cuja lacuna é
preenchida por Olivia (Marielle Jaffe), mas vamos dar uma trégua, afinal, ela
tem a morte mais violenta de toda a série, com direito até a entranhas de fora
e quarta todo ensanguentado (!).
Por falar nas mortes, aqui elas estão bem mais
interessantes do que as apresentadas no terceiro filme e agora são gravadas
para serem colocadas na internet (Outra novidade interessante que o quarto
filme adicionou). Além do violentíssimo assassinato de Olivia Morris, temos também
a ótima morte de Rebecca (Alison Brie), esfaqueada e jogada de um prédio, mas
não antes de sofrer um dos melhores jogos psicológicos da franquia (Afinal,
estacionamentos desertos, mas cheios de carros, são sempre bons cenários para
cenas tensas), um pescoço cortado e um tiro no pênis (Ai!).
O filme meio que aposenta os personagens
principais, limitando eles a meros espectadores da nova turma de personagens,
afinal, Jill é um espelho de sua prima. Dewey continua o mesmo policial
desastrado e carismática, enquanto Gale não consegue mais escrever um livro e
decide voltar a ser jornalista indiretamente, mas o verdadeiro amadurecimento
fica por conta de Sidney, que agora se mostra uma mulher forte que, ao invés de
fugir do assassino, o enfrenta. Neve Campbell está excelente como sempre foi,
assim como a maioria do elenco. O destaque, no entanto, fica por conta de Emma
Roberts no papel da mocinha que vira vilã, Jill, com uma performance
arrasadora. No final do filme, a maioria dos arquétipos se invertem. Jill não é
a nova Sidney, Charlie não é o novo Randy e Kirby não é a nova Tatum.
Kirby, inclusive, além de ser uma das melhores
personagens do filme e da franquia, possui uma das cenas mais interessantes de
“Pânico 4”, onde ela fica atrás de uma porta respondendo perguntas do assassino
enquanto Charlie está amarrado em uma cadeira do lado de fora, exatamente como
Casey e Steven no primeiro filme. As perguntas do maníaco e as respostas da
garota são maravilhosas, provando que a volta de Kevin Williamson no roteiro
foi muito saudável para a série (Apesar de ainda ter dedos de Ehren Krueger, o
roteirista da terceira parte, no filme). Uma boa notícia para os fãs da
personagem é que Kirby pode não ter morrido, pois alguns rumores indicam que
Hayden Panettiere assinou contrato para um quinta parte. Isso até que faria
todo o sentido, já que quando o filme mostra a personagem pela última vez, ela
não está morta. E se Dewey pode sobreviver a várias facadas, a rainha também
pode, não é?
Como já citei, o final nos apresenta Jill como a
grande vilã e Charlie como seu braço direito. O motivo é meio forçado, fama,
mas demonstra toda a insanidade da garota. Ela queria ser famosa como a única
sobrevivente do novo massacre, ela realmente queria ser a nova Sidney, matando
seu parceiro para isso, assim como Billy matou Stu no original. Os dois
planejavam colocar a culpa em Trevor, que era desde cedo o mais suspeito dos
assassinatos, assim como Billy e Stu planejavam culpar o pai de Sidney no
primeiro filme. Por homenagem, a roupa que Trevor está vestindo na cena final é
igual à de Neil Prescott. A verdadeira cena final ocorre em um hospital, onde a
vilã enfrenta o trio de protagonistas e acaba sendo morta, fazendo Sidney
soltar um épico “don’t fuck with the original”.
Depois de uma terceira parte não tão boa quanto as
duas primeiras, “Pânico 4” veio para dar um novo fôlego à franquia, trazendo um
filme com um ótimo roteiro e várias referências ao original adaptando as regras
dos filmes aos moldes atuais (“Nova década, novas regras”). A quarta parte da
trilogia (rs) consegue ser bem melhor que “Pânico 3” e chega bem perto da
qualidade do segundo filme, já que o original continua intocado. Wes Craven
havia confirmado que “Pânico 4” abria uma nova trilogia, indo até o sexto
filme, mas parece que “Pânico 5” será o último. Desde já esperamos
ansiosamente, porque, como provam todos os quatro filmes, a franquia está longe
de ter um filme ruim.
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