CRÍTICA: Ecos da Morte de Kimberly Derting

Autora: Kimberly Derting
Ano: 2011 / Páginas: 268
Idioma: português 
Editora: Intrínseca
Adquira o livro: Submarino Americanas Saraiva
Site da autora

Até que enfim um post sobre literatura "real" aqui no blog! Já estava mais do que na hora não é mesmo? Enfim, desculpem a demora mas é que eu realmente enrolei demais o "Ecos da Morte", até então minha leitura atual, e vocês já vão descobrir o porquê.

Comprei ele e sua sequência "Desejos dos mortos" no final de 2013 numa daquelas promoções relâmpago do submarino, sabem? Vi os dois livros na "Oferta WOW"(fica a dica!) por uns R$30,00 ou R$40,00 e não aguentei, "é de ler" tô levando pra casa, não conhecia a autora e tinha ouvido muito pouco sobre o primeiro livro, mas mesmo assim resolvi arriscar.

Eu tinha muitos outros acima dele na minha lista de leituras, por isso comecei a lê-lo somente em março desse ano. O livro conta a história de Violet, uma garota bem normal que passa despercebida por qualquer um, mas esconde um segredo que poucos sabem - ela consegue sentir "ecos" vindos de qualquer ser vivo, pessoas ou animais, que esteja morto ou que tenha cometido um assassinato. E tais ecos podem se manifestar na forma de sons, cheiros e sabores, brincando com os sentidos da menina. E é quando um serial killer começa a fazer seu trabalho na pequena cidade onde ela mora que Violet precisa usar seu dom para ajudar na investigação, e, simultaneamente a isso, ela se vê cada vez mais envolvida por Jay, seu melhor amigo de infância e tem que lidar com os sentimentos de uma adolescente apaixonada.

Admito que o primeiro capítulo do livro é instigante, o narrador é observador e conta a primeira vez em que Violet, no auge de seus 8 anos, sentiu o seu primeiro eco - descobrindo o corpo de uma garotinha quase da sua idade - e aqui o suspense é real e verdadeiramente assustador. Mas a partir disso o livro decai muito pois pula para uma Violet adolescente e descobrindo sua paixão por seu melhor amigo, não que seja ruim narrar isso, mas a longo prazo se torna cansativo, muito cansativo. Sem falar nas mil e uma citações sobre como Violet está derretida por ele, parece que esqueceu como se respira e o coração bate mais forte quando ele está perto e "mimimi", fragmentos como esse se repetem incansavelmente ao longo do livro, sinceramente chega uma hora que você está "I'm over it":

O que também me incomodou bastante no best seller da Kimberly foi a restrição que ela deu aos personagens, parece que eles foram moldados para seguirem um padrão "pronto" e a autora não viu além disso. Por exemplo, o Jay é o menino que depois das férias de verão se tornou um homem, bonito e desejado por todas as garotas do colégio (sério, ela deixa isso claro em toda página) como também se torna o "salvador da pátria" em toda (toda!) situação perigosa em que a - outro exemplo do personagem "pronto" - doce, frágil e ingênua Violet Ambrose se encontra, inclusive numa delas quando Gary - o amigo que se torna vilão - acaba excedendo os limites com Violet (só vão entender se lerem, spoilers nunca ou só com aviso prévio!).

Além de usar um elenco clichê de personagens, a história me deu uma sensação de que os acontecimentos no decorrer dela foram forçados, eu não sei vocês mas quando eu leio um livro o diferencial dele pra mim é ser envolvido por seu enredo, deixando-me levar por seus acontecimentos sem ter a impressão de que todos eles foram premeditados e em "Ecos da morte" isso claramente não acontece, inclusive nos episódios com participação do já citado "herói" Jay, aqui é tudo idealizado demais, programado demais, orgânico demais.

O que não deixa o livro ser tão genérico e um quase "Nicholas Sparks tentando ser Edgar Allen Poe" são as poucas, porém ótimas partes nas quais o narrador é o serial killer, com um detalhismo e objetividade distintos do restante da obra, a autora conseguiu trazer o tão prometido thriller (mesmo que muito pouco) da sinopse e uma reviravolta inesperada, logo o livro funcionaria de verdade e cumpriria o prometido se ela tivesse seguido esse conceito nele por inteiro.

"Ecos da morte" não é necessariamente um livro ruim, simplesmente a trama toda gira em torno do casal e acaba deixando de lado o suspense, por isso não faz jus ao gênero, já li muitos "thrillers amadores" infinitamente superiores no Wattpad (<3) e para um livro que teima em se classificar "thriller" não desceu, desculpa.