Em 1996, “Pânico” revolucionou o terror como
nenhum outro filme fez, adicionando uma genial sátira aos clichês de um gênero
já desgastado. Quatro anos mais tarde, um pouco depois do lançamento de “Pânico
3”, outro filme apresentou outra revolução, mas desta vez no gênero comédia,
sendo ele o satírico “Todo Mundo em Pânico”.
O filme, apesar de não ter sido diretamente o
primeiro, deu um empurrão para um novo subgênero da comédia, as paródias. “Todo
Mundo em Pânico” foi o responsável por abrir portas para filmes como “Os
Vampiros Que se Mordam”, “Inatividade Paranormal”, “Stan Helsing”, o péssimo
“Super-Heróis – A Liga da Injustiça” e o tão péssimo que chega a ser torturante
“A Saga Molusco – Anoitecer”, que representam nada mais que a decadência desse
gênero depois do sopro de originalidade que a franquia de 2000 deu.
A história foca na personagem de Cindy Campbell
(Anna Faris) e seus amigos, que, depois de atropelar um homem, jogar o corpo no
rio e jurar segredo, são atormentados por um assassino que parece saber do
acontecimento. Enquanto ela tenta descobrir quem está por trás da máscara de
fantasma, seus amigos começam a ser assassinados, um por um.
Como deu para perceber, a história central é uma
mistura de “Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado” e “Pânico”, mas ao
longo da projeção existem outras pequenas paródias, como “Matrix” e “A Bruxa de
Blair”, sempre com humor ácido e, às vezes, escrachado, dos irmãos Wayans, que
também atuam.
A cena inicial é uma versão hilária da icônica
morte de Casey Becker, no primeiro “Pânico”, onde a loira peituda da vez está
fazendo pipoca e recebe a ligação do assassino. Tudo é engraçado aqui, desde
seu excêntrico “namorado”, até a cena em que ela é perseguida. Não há como não
rir quando Drew Decker (Carmen Electra) vê uma mesa com duas facas, um
revólver, uma granada e uma banana e escolhe a fruta como arma (!) ou quando
ela foge do assassino e começa a sensualizar de calcinha e sutiã ao invés de
correr.
Os personagens, aliás, são o maior ponto forte do
filme, temos a mocinha Cindy Campbell (Anna Faris), com suas caras e bocas
hilárias, a patricinha peituda e burra Buffy Gilmore (Shannon Elizabeth), que
parodia a personagem de Sarah Michelle Gellar em “Eu sei...” (Seu nome vem da
série “Buffy – A Caça Vampiros”, que Sarah estrelou), o gay enrustido Ray
(Shawn Wayans), que é responsável por sacadas hilárias ao longo da projeção
(Ele é uma paródia de Stu Macher, de “Pânico”, por isso o fato de ser gay) e outros,
que representam sempre personagens de “Pânico” e “Eu Sei...”). No entanto, o
grande destaque fica para dois personagens específicos, que sempre roubam a
atenção quando aparecem em cena, são eles Doofy (Dave Sheridan), que parodia
Dewey Riley de um jeito extremamente hilário (Ele faz cocô nas calças, anda com
uma mochilinha de criança e age como um retardado, sendo responsável por boa
parte das risadas do filme), e a deusa da franquia, melhor personagem de todas,
Brenda (Regina Hall).
A personagem de Hall aparece nos quatro primeiros
filmes da série, mas morre quase todos. Inclusive, é dela a melhor cena de “Todo
Mundo em Pânico”, onde, em uma paródia da morte de Maureen Evans, Brenda vai ao
cinema, mas é assassinada pelas próprias pessoas que queriam assistir ao filme
e não conseguiam porque ela não calava a boca. Vale ressaltar que uma boa parte
da graça da personagem se dá pela excelente dublagem brasileira, então, nunca
pensei que fosse dizer isso, mas é melhor assistir dublado!
Nem o cult “O Sexto Sentido” é poupado das sátiras
hilárias do filme. Há uma cena onde Shorty (Marlon Wayans), o irmão de Brenda e
habitual usuário de maconha (Doidão mesmo), solta a icônica frase “Eu vejo
gente morta” e um dos seus amigos responde algo como “Então essa erva é da
boa!”. Outra cena que merece destaque é o acidente em que os amigos matam um
pescador, que possui diálogos hilários e frases inspiradas (Em um momento,
Buffy pega a bota do homem no chão e exclama “Meu deus, nós matamos uma bota!”)
“Todo Mundo em Pânico” revolucionou a comédia,
dando um novo fôlego ao gênero e inspirando novos filmes do mesmo subgênero,
mas poucos conseguem se equiparar ao original. É evidente que o subgênero
precisa de um novo “Todo Mundo em Pânico”, mas, enquanto ele não chega, dá para
assistir o único e original mais de uma vez.
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